Às 9:28, o dólar alcançou R$ 5,51. Já era efeito da entrevista, menos de dois minutos depois? Às 9:33, recuou para R$ 5,49, mesmo valor das 9h42, batendo em R$ 5,52 às 10h24, fechando nesse valor, oscilando ao longo do dia R$ 0,01 para cima e para baixo.
O cretino não é só o idiota, o imbecil. Também é o “insolente”, o “inconveniente”, o “atrevido”. É espantoso o número de “analistas” que tratam, eles sim, como idiota um político que venceu cinco das nove eleições diretas havidas no Brasil depois da redemocratização — em três delas, ele foi o titular; em duas, Dilma. Discordar é do jogo e é o sal da democracia. Tratar o presidente da República como um “penetra”, e tenho visto isso muito por aí, é coisa distinta.
Claro, claro! Sempre resta a desculpa de dizer que o mercado já havia elevado o dólar em R$ 0,05 antes de qualquer declaração de Lula porque, dado o caráter antecipador e divinatório dos valentes operadores, eles adivinharam o que o presidente iria dizer. Um dos sinônimos de “especular” e “conjecturar maldosamente, sem base em fatos concretos”.
O fato é aquelas manchetes atribuindo a Lula a “disparada” do dólar estavam erradas. E por duas razões:
1: não foi uma disparada — não na quarta;
2: com muito esforço, consegue-se atribuir a Lula a responsabilidade por uma valorização de… R$ 0,01!!!
Justamente porque a imprensa sabe não ser cretina quando quer, conviria vir a público para dizer algo assim: “Pois é, a gente está se acostumando a bater em Lula primeiro e a só pensar depois; como esse é caminho do erro, a gente errou”.
“Mas não dá para afirmar, Reinaldo, que houve uma valorização do dólar de R$ 0,03 durante a entrevista?” Claro que sim! Mas também aconteceu no intervalo em que tomei uma xícara de leite de aveia misturado a um café expresso (uma delícia!) e depois um copo d’água. A questão é saber se o “durante” quer dizer “por causa”. E, no caso, não quer! Se a fala teve algum efeito, valeu R$ 0,01.