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O espaço do cuidar não depende de gênero

Essa reflexão também é muito importante porque às vezes pode parecer que os homens precisam esperar uma condição ideal para que se possa exercer nossa paternidade quando, na verdade, é o oposto: como historicamente os pais nunca ocuparam esses espaços, é de se esperar que as pessoas estranhem quando alguns começam a ocupá-los. Nossa resposta enquanto agentes de mudança é continuar ocupando esses lugares de forma afetuosa, de forma empática, de forma não violenta, para mostrar o exemplo: olha, isso é possível; eu também sou pai e estou nessa reunião da escola; participo das consultas médicas; sei o que acontece com meus filhos.

Em última instância, é, sim, um lugar ligeiramente solitário para o pai que está fazendo esse movimento porque ele não costuma encontrar nesses espaços outros pais que estão também no mesmo processo. Mas, ao mesmo tempo, é um lugar de mudança, e isso é muito importante na sociedade. Temos que entender que nosso papel é bater o pé e seguir. E falar: poxa, eu quero, sim; não tem ninguém que está fazendo isso, nenhum amigo meu é assim, mas eu vou ser assim porque eu acredito que é importante para mim. A partir daí começa a mudança, a naturalização da presença paterna nesses espaços de cuidado.

Falar sobre cuidados na criação de filhos em uma sociedade desigual em que mães e pais precisam trabalhar longas jornadas, gastar horas em transporte público e, muitas vezes, precisam deixar filhos aos cuidados de parentes ou vizinhos não pode soar como um fardo a mais? Como resolver essa questão?

Esse é o ponto central que me fez desejar escrever O Poder do Afeto. Temos uma profusão absurda de livros que falam as teorias mais diversas e que às vezes se contradizem, livros que trazem uma carga de culpa, sobretudo para as mães, mas para os pais também, e oferecem poucos recursos, poucas ferramentas que sejam aplicáveis ao dia a dia corrido da nossa vida. Vou dar um exemplo: no meu livro eu falo sobre meditação para pais e criei até um termo: meditação para pais reais, para pais ocupados. O que isso quer dizer? Não vou cobrar de jeito nenhum que esse pai, que essa mãe fiquem uma hora meditando. Eles não têm tempo para isso. Mas eu abro um canal de diálogo, dizendo que isso é importante porque vai ajudá-lo a se sentir melhor, a lidar melhor com os desafios de seu filho. Na hora de dormir, na sua cama, cinco minutos focando na respiração já traz benefícios.

O trabalho do poder do afeto vem desse lugar, de encontrar o prazer e o equilíbrio na relação com seus filhos. Eu quero o equilíbrio. Para mim, esta é a palavra-chave. Não vou fazer como outros livros que falam que você precisa ter oito horas por dia de atenção dedicada [com os filhos]. Você não tem oito horas. Você tem de trabalhar.Autor: Edison Veiga



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